Na 1ª pessoa
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011
A folha em branco e a psicologia suicida…
A folha em branco e a psicologia suicida…
1ª parte
Dia 01 de Outubro de 2011, dia em que decidi voltar a escrever. Dia em que decidi voltar a retratar-me e libertar-me outra vez, daquilo que me assola, do que me desgasta e do que me mata. Posso dizer que também podes sentir o mesmo? Existem pessoas assim, sabes? Que quando menos esperas sentes-te assim? Morto? Cansado? Sem capacidade para mais e sem ideias. Tudo se torna tragicamente verdadeiro e simplesmente desistes.
Escrevo a palavra “libertar-me”, no verdadeiro sentido metafórico da cena. A minha mente conheceu esse significado há muito tempo atrás, mas foi perdendo a nitidez do mesmo. Já não conseguia desenhar as letras do meu estado de espírito há algum tempo, já não conseguia utilizar a minha averbação há demasiado tempo. Não consigo compreender o porquê de isto me acontecer às vezes e sistematicamente me ter acontecido. Passei segundos como minutos, minutos como horas, horas como dias, dias como meses e meses que mais se assemelharam anos e quando decidi escrever nem uma palavra saiu! Passei momentos a fio a pensar, lembro-me de estar horas em frente à puta de merda de uma folha em branco e nada! Vazio! É horrível ter a cabeça cheia de letras, palavras, imagens, coisas, cenas, sentimentos e pensamentos, angustia, momentos de raiva e nada sair para o papel! Horas a fio sentado numa cadeira que deixou de ser confortável à muito, de cotovelos apoiados na mesa, dentes a ranger, mãos tapando os olhos, dedos que apertam a cabeça quase partindo o osso da minha caveira e penetram no cérebro! É horripilante o momento a seguir, oiço gritos silenciosos de almas da minha agonia verbal que aumentam a minha paragem cerebral do meu ser mais negro. Já vi imagens em que a minha imaginação era um homem a avançar para o abismo sem qualquer tipo de volta, por mais que eu o puxasse. Por mais que eu tente agarrar as frases e palavras, fazer a caneta mexer para preencher o branco, nada sai, só a água de uma lágrima para humedecer o papel. Sinto as palmas das minhas mãos a empurrar os meus olhos para dentro para me taparem a visão da vida que nem um texto de fantasia consigo escrever! Aqueles textos de príncipes e princesas, que alegram uma parte doce da vida por segundos, não existem são meros paralogismos! O iniciar com “Era uma vez…” não ajuda, não há desenvolvimento de matéria nas letras, não há capacidade para formação de palavras e construção sentimentos transcritos nas linhas, para tanta coisa para dizer numa folha que permanece em branco... (silencio) …Só há suores frios no meio de uma temperatura tão quente, tal o estado da minha mente, tal a raiva, tal o esforço, tal o cansaço de uns olhos fartos de chorar, … a folha em branco é quase semelhante a minha mente. Finalmente consegui escrever.
Escrito Por: Ricardo Jorge Santos Lourenço 14/10/2011